Saia do Negócio de Treinamento

O despertar de uma nova era

Se você está dando um tempo para que as coisas voltem ao normal após essa crise econômica, a primeira coisa que você precisa entender é que temos uma mudança permanente de clima, e não uma tempestade passageira.

O que estamos experimentando hoje é radical. A era industrial esta em seus gritos mortais, abrindo o caminho para a era da rede conectada. Vai além do que se viu acontecer quando a revolução industrial sombreou a era agrícola. Naqueles dias, as pessoas saiam das fazendas para as cidades. Olhar as horas no relógio substituiu o trabalho ao ritmo do sol.

As funções repetitivas e braçais substituíram a labuta holística com a natureza. Receber ordens substituiu o pensar por si só. Favelas nasceram; a sociedade se emancipou.

Esperamos que essa revolução econômica seja mais positiva que a última. Mesmo assim, está na hora de nos prepararmos para grandes mudanças. A indústria não desaparecerá, mas cerca de um terço das empresas fabris provavelmente sim. Os índices de desemprego permanente tenderão a subir. Novas categorias de trabalho nascerão visando otimizar as redes, estabelecendo conexões, reconfigurando as funções, o design do empreendimento em tempo real, a destruição construtiva, a mentoria virtual e assim por diante. Leis dogmatizadas, regulações, padrões e memes vão evaporar.

A administração em si — a arte de planejar, organizar, decidir e controlar — vai ser abandonada. No fundo, o planejamento é suspeito em um mundo imprevisível. Organizar apropria-se de novos significados quando as coisas se auto-organizam. Decidir é negócio de todos quando a rede predomina. Controle é morto numa sociedade de baixo para cima e onde os pares são os quem detém o poder.

Enquanto as redes continuam a subverter a hierarquia, organizações de sucesso vão abraçar o respeito pelo individuo, a flexibilidade e adaptação, a abertura e transparência, o compartilhar e colaboração, a honestidade e autenticidade, e o imediatismo. O treinamento está obsoleto porque ele trata do passado que não será repetido. O aprendizado será redefinido como solução de problema, na busca por eficácia em seus próprios ambientes e como tendo conexões para lidar com as novas situações.

O cataclisma iminente descongela a estrutura organizacional abrindo espaço para reorganizar, rearranjar, e substituir o status quo. Sobreviventes desenvolverão e apresentarão agendas para a mudança enquanto as coisas estão em movimento. Aqui está um discurso que ofereço para o mais graduado executivo que pudesse ouvir meus conselhos:

“Semana que vem, fecharemos o setor de treinamento. Estaremos transferindo nosso foco de treino para performance. Todos os remanescentes da equipe de treinamento se transformarão em mentores, coaches e facilitadores que trabalharão para a melhoria dos processos nucleares do negócio, fortalecendo relações com clientes e cortando custos.”

“Estou mudando meu título de VP de Treinamento para VP de Habilidades Nucleares. Meus assistentes se tornarão diretor de vendas da prontidão e diretor da vantagem competitiva, respectivamente. A medida de nossas contribuições serão os resultados, não medidas de treinamento. Estamos sucateando o LMS de imediato. Quando oportuno vamos substituir os softwares proprietários por código livre.”

“Todas as nossas energias irão para o aprendizado entre pares, e do tipo ‘self-service’. Se algo não melhorar de forma dramática as habilidades de nosso pessoal, nós não faremos. Estamos detonando os projetos de programas de desenvolvimento muito extensos em troca de desenvolvimento rápido e direto. Abandonaremos as salas de aula.”

“Estamos eliminando todas as viagens e auxiliando os outros a fazerem o mesmo introduzindo Skype e conferências gratuitas em tempo real. Vamos definir um FAQ corporativo em Wiki para capturar e distribuir a informação que já recebemos de pessoas que não mais estão conosco. Nisso tudo e por nossos esforços, tencionamos atuar mais inteligente, não baixar nossos padrões ou a qualidade de nossos serviços.”

“Reconhecendo que os clientes melhores informados são melhores clientes, estamos abrindo a maioria de nossas plataformas para o aprendizado a eles, como também a nossos empregados e ex-funcionarios. Ao ponto de ajudá-los a cortar custos, melhorar a perfomance e implementar métodos melhores, assim ambos ganhamos.”

“Tudo tem uma etiqueta de preço. Quando eliminarmos nossos custos, eu quero compromisso da alta administração para alocar tempo para que as pessoas ajudem umas as outras, explorar os benefícios das redes sociais e conversar entre si livremente. Este é um programa de mais de ano. Não dará certo se tentarmos implementar enquanto mantivermos o jeito de fazer negócios como sempre. Eliminar as pessoas não é um estratégia de sobrevivência. “Esse é meu plano para esta semana. Se eu tiver o seu apoio, de bom grado voltarei com mais novidades na próxima semana.”

Fonte: Jay Cross, Chief Learning Officer