Blog Corporativo

Dizem as lendas futebolísticas que Vampeta ao ser entrevistado por uma rádio, logo após o Corinthians perder mais uma partida, foi questionado por sua fraca atuação.

Ele de pronto responde: “Eles fingem que me pagam, e eu finjo que jogo.”

Ter um blog corporativo não pode e não deve ser uma iniciativa de modismo ou de aparência. Como tudo na vida, ou praticamente tudo, há que se ter uma razão clara por trás disso. Fingir que se faz blog por ser uma imposição de estar por dentro das novidades – e só por isso – é uma grande piada. E a última risada será do mercado.

Blog não é tão somente sinônimo de modernidade, e nem filhote de um marketing mais ousado. Isso tudo pode até fazer parte da alma do blog. Mas não é a sua essência.

Para deixarmos bem claro, o blog corporativo significa, antes de mais nada e principalmente, abertura e transparência. Esse é o cerne do braço que estendemos ao mercado, e tal qual político em época de campanha – vá esperando de tudo acontecendo na sua mão.

Se pretendemos construir uma plataforma de diálogo, que o façamos de maneira espontânea, natural, aberta e singela. E estejamos prontos a jogar numa nova arena, algo que só aprenderemos quando efetivamente estivermos blogando.

Tem algumas leituras que podem dar dicas a quem já está com o blog corporativo no ar, ou pretende iniciá-lo. Para entender um pouco das novas regras, nunca é demais usar o Manifesto da Economia Digital (Christopher Locke e outros). Eu sempre recomendo sua leitura – não tem jeito. Veja aqui pontuado. Pra quem me acompanha, sou um chato de galocha repetindo esse bordão.

O Hugh Hewitt, a quem tenho acompanhado nos últimos anos, e é um prolífico blogueiro, e tem em português seu livro com o sugestivo título: Blog – entenda a revolução que vai mudar seu mundo. É pela Thomas Nelson Brasil e é fácil de ser encontrado.

Mais pesado (por ser em Inglês e trazer mais carne), e que pode ser encontrado na Livraria Cultura (pesquisa feita na segunda-feira), recomendo o Naked Conversations – do Robert Scobel e Shel Israel (lembre-se que é livro importado).

Mas veja só como as coisas são em terras tupiniquins. Esta semana mesmo li na revista Exame, as respostas do cara responsável pelo Blog da Boeing. Sinceramente não sei qual contribuição ele pode dar ao meio empresarial. Sinto o cara totalmente por fora. E como tem gente fora do baile: pequenos e grandes, tanto faz. Ele trata a blogosfera da mesma forma que trata uma mídia impressa, usando termos como ‘leitores’, ‘audiência’ … O cara realmente não percebeu! Não bastasse a abordagem conceitual errada, ele insiste em dar vida a seu único e verdadeiro oponente a Air Bus. A chamada da entrevista com o responsável pelo blog da Boeing é: “Vale até bater no concorrente” – ou seja, a Exame peca também!

É interessante que com os meus gurus tenho aprendido já de longa data (século passado, viu!), que blog tem a ver com mudança de mentalidade – a começar pela nossa própria. Iniciar uma conversa meio que informal, para depois, ao final dizer: ‘é desse jeito que fazemos as coisas aqui’ – pra mim é um jeito muito estúpido de se blogar!

Esse ar de superioridade nos blogs – que as corporações insistem em manter – não tem mais lugar. Há que se descer (supondo que realmente a corporação esteja em patamar superior) para o chão comum dos meros mortais e se sujeitar às regras da rua. Todos somos iguais e únicos ao mesmo tempo, desde grandes empresas até o mais simples consumidor.

E por favor: nada de terceirizar seu blog via uma Agencia. Ou, me dirigindo às Agencias: tirem o cavalo da chuva se pretendem fazer isso em nome de seu cliente! É um tiro no pé com certeza. Blogar como uma empresa é mais do que se sujeitar às regras do mercado. Isso os livros textos dão o bê a ba de maneira simples e fácil, até sem muito esforço ou gasto.

Já o blogar corporativo é intenso, trabalhoso, árduo. E tem que ser constante e sempre aberto: revelando uma face pronta para ceder, mudar, consertar, ajustar … ou seja, agir em prol do cliente. Achar que blogar é uma simples ferramenta de Relações Públicas ou uma vara longa para malhar a concorrência, é inócuo e estúpido. Invariavelmente traz um efeito colateral muito perigoso, tipo boomerang. O viral acaba virando contra.