Empreender ou Trabalhar

Estava papeando com um amigo que me disse o seguinte “Eu trabalho, trabalho, trabalho e não consigo obter os resultados necessários pelo menos para pagar as contas”.

Percebo que muitas pessoas trabalham apenas para não faltar dinheiro no final do mês e conseguir sanar as dívidas. Por outro lado, conheço inúmeras pessoas de sucesso que trabalham para ter prazer, sentir-se bem e empregar seus talentos para a realização de algo extraordinário. Esses são os famosos empreendedores.

Trabalhei numa empresa em que um colega de trabalho sempre dizia: “Puxa vida, estou aqui há três anos e ainda não fui promovido, o Fernando em menos de um ano já foi promovido a gerente, mas sou eu quem mais trabalho no nosso departamento, sou sempre o último a ir embora, estou de saco cheio!”. Talvez você já tenha ouvido essa história em algum lugar.

Recordo-me do professor e sociólogo Domenico De Masi, que tem escrito na tela do seu computador a frase: “O homem que trabalha perde tempo precioso”. Quem disse isso trabalhava praticamente 20 horas por dia. Possuía mais de cinco tipos de trabalho, era professor, diretor de uma empresa, consultor, escritor de livros e artigos, entre outras atividades.

O lema do professor De Masi sintetiza a mudança do perfil do profissional da era industrial para a era da informação que vivemos hoje. Quem souber libertar-se da idéia tradicional do trabalho como obrigação ou dever e for capaz de apostar numa mistura de atividades, onde o trabalho se confundirá com o tempo livre, com o estudo, com as atividades físicas e com os momentos de descanso, conseguirá empreender com qualidade e destacar-se no mercado de trabalho.

A alavanca positiva da carreira de qualquer profissional é, sem sombra de dúvidas, a capacidade para aprender com as vitórias e com as eventuais derrotas para empreender com qualidade.

O ser humano é uma coisa só e precisa equilibrar todas as áreas da vida para criar uma jornada de sucesso. Trabalhar por prazer é diferente de trabalhar por necessidade. Quando fazemos algo buscando prazer, temos uma grande possibilidade de empreender ao invés de trabalhar e ser realizador de tarefas e observador dos mesmos resultados.

Muitas pessoas acreditam que quanto mais tempo trabalhar, mais resultados conseguirão. Isto é pura ilusão. Click To Tweet

O sucesso na carreira está diretamente ligado à maneira como utilizamos o nosso tempo. Os gregos antigos utilizavam duas palavras para denominar o tempo: chronos e kairós. Chronos é o tempo que pode ser medido no relógio e Kairós é a qualidade do tempo. Não adianta passar horas trabalhando, fazendo as mesmas coisas. Nunca a quantidade significou qualidade, empreender é utilizar uma hora com qualidade ao invés de trabalhar oito horas seguidas fazendo o que sempre foi feito.

Diante deste cenário uma pergunta não me cala “Empreender ou Trabalhar? Eis a questão…”.

Trabalhar é ocupar-se em algum mister, ou seja, alguma profissão, esforçar-se para fazer ou alcançar alguma coisa, estar em funcionamento, empregar esforços, delinear através de exercícios físicos.

Para os gregos, trabalho tinha uma conotação estritamente física e representava toda atividade que fazia suar, com exceção do esporte. Quem trabalhava, isto é, suava, ou era um escravo, ou era um cidadão de segunda classe. As atividades não-físicas (a política, o estudo, a poesia, a filosofia) eram “ociosas”, ou seja, expressões mentais, dignas somente dos cidadãos de primeira classe.

A sociedade industrial permitiu que milhões de pessoas agissem somente com o corpo, mas não lhes deixou a liberdade para se expressarem com a mente. Na linha de montagem, os operários movimentavam mãos e pés, mas não usavam a cabeça estrategicamente. A sociedade pós-industrial oferece uma nova liberdade, a liberdade para todos empreenderem utilizando a mente criativa como ferramenta de trabalho. Ferramenta que era estritamente reservada aos aristocratas. Atualmente as grandes corporações pagam fortunas para os gurus, consultores e palestrantes filosofarem e contribuirem com a mudança mental e as estratégias organizacionais.

Você pode se perguntar: “Está bem, e o cérebro do operário, não estava empenhado em coordenar o movimento das mãos para que estas se harmonizassem com o ritmo da máquina?” Depois de algum tempo, o movimento se tornava completamente automático e a mente durante esse período ficava ociosa, permitindo aos operários salvarem-se do tédio. Nos tempos atuais o contexto mudou, mas há pessoas que continuam repetindo as mesmas coisas. No outro extremo, há os profissionais que se destacam e não deixam o tédio bater em sua porta, muito menos entrar.

Empreender é fazer acontecer, propor-se realizar algo diferente, inovador, criar uma oportunidade, ousar, dasafiar, investir, correr riscos calculados, explorar algo que já existe para formatar algo novo.

Você pode se perguntar: “Está bem, e o empreendedor não precisa trabalhar, e muito?” Claro que precisa, e principalmente necessita de tempo para inovar, ousar e empreender. O bom empreendedor é um bom trabalhador.

Na mais nova sabedoria das ações do empreendedor, tem que estar presente trabalho, aprendizado, descoberta, desenvolvimento, inovação, superação e realização.

Constato que tanto no tempo em que se trabalha, quanto no tempo vago, nós seres humanos fazemos hoje menos coisas com as mãos e mais com o cérebro, ao contrário do que acontecia até pouco tempo atrás.

Entre as atividades que realizamos com o cérebro, as mais apreciadas e valorizadas no mercado de trabalho são as que envolvem criatividade, inovação e audácia. Porque tanto as atividades intelectuais, quanto as manuais, quando repetitivas, podem ser delegadas às máquinas.

Muitas vezes pensamos que estamos ociosos, mas são nesses momentos que surgem os famosos insights, as brilhantes idéias. Uma dica importante é você sempre andar com um caderno para fazer as anotações dos seus insights. Pesquisas comprovam que a velocidade do pensamento é no mínimo quatro vezes mais rápida que a velocidade da fala, então aproveite seus pensamentos antes que eles desapareçam.

Empreender é uma jornada, não um destino. Boa sorte na sua jornada empreendedora.

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Carlos Cruz é fundador e diretor do Instituto Brasileiro de Vendas (IBVendas), primeira instituição no país a dedicar-se à formação de profissionais de vendas e que preenche a lacuna deixada pela inexistência de universidades destinadas exclusivamente à carreira de vendedor. O especialista possui formação específica em Gestão de Planejamento Financeiro, Administração de Empresas, MBA em Gestão Empresarial pela FIA, formação em Dinâmica dos Grupos pela SBDG (Sociedade Brasileira de Dinâmica dos Grupos), certificação internacional em Coaching pelo ICI - Integrated Coach Institute e pela Lambent do Brasil, sendo membro da International Coaching Community. É Master Practitioner em Programação Neurolinguística e estudou a Hipnose aplicada na Comunicação Corporativa com Sttephen Paul Adler do Instituto Milton Erickson de New York. Participou do Executive Development Programs com foco em Liderança e Mudança na Business School São Paulo for International Management e do Grupo Dirigido de Psicodinâmica Aplicada a Negócios.