De Volta Para o Futuro

Eu acabo de chegar a uma conclusão dramática. Dias atrás li um estudo que dizia que as escolas matam a criatividade das crianças. Como todos sabem, crianças são pessoas que vivem no mundo da imaginação, cheia de idéias e de teorias sobre seu próprio mundo e sobre o mundo em que vivem.

Eu me lembro até hoje que, quando criança, não sei com qual idade, eu pedi pro meu pai recortar um micro-ônibus que estava em uma propaganda em uma revista, porque depois que ele fosse recortado e fosse meu, eu poderia colocar ali todos os meus amigos e levar pra passear, pensando que ele fosse se tornar real. O que para meu espanto não aconteceu. Eu sempre, durante a infância, adolescência e agora, no início da vida adulta, tive facilidade para imaginar histórias, idéias e muitas outras coisas. O meu grande desafio é conseguir fazer com que toda essa imaginação seja colocada em prática com coisas produtivas. Pois é, no meu caso, a escola não foi capaz de matar a minha criatividade. MAS, hoje em dia acredito que eles estejam sendo mais eficientes.

Porque?

Porque hoje TODOS aprendem as mesmas matérias do MESMO JEITO, na mesma grade pelo mesmo professor. Me diz como pessoas com raciocínios diferentes podem aprender sobre uma coisa através de um mesmo ponto de vista? IMPOSSÍVEL. É a mesma coisa que querer fazer um daltônico enxergar cores que são inexistentes para eles. Bem, alguma coisa precisa ser feita. Mas, pra que? Se depois as empresas tendem a assassinar essa mesma criatividade, caso a escola não tenha conseguido?

Hoje somos contratados não por nossa força braçal, mas pela força de nosso mais potente órgão: o cérebro. Mas a cada dia mais estamos fazendo o mesmo trabalho intelectual do dia anterior: as mesmas respostas, o mesmo discurso, as mesmas perguntas, os mesmos gestos, as caretas, as mesmas reclamações e assim perdemos grandes profissionais igualando-os apenas à rotina estressante e estafante de repetições e hábitos improdutivos.

Porque?

Porque todos os dias nossas tarefas são as mesmas, as metas são as mesmas e os desafios também. O departamento de cobrança tem que cobrar com o mesmo script, o departamento de marketing tem que contar aquela velha história do mesmo jeito, o departamento de vendas tem que realizar as infinitas ligações com o mesmo discurso, muitas vezes nada comercial e nada focado no problema do cliente, e aí, ao invés de uma rotina de trabalho braçal, temos uma rotina de trabalho boçal.

As grandes soluções não surgem da rotina, de sentar no mesmo lugar, de ter que ficar sentado o tempo todo, do ambiente estressante e cheio de pressão da empresa, da desconfiança, dos segredos e da cara feia das pessoas. Essas empresas existiam antes da CLT, antes das férias e antes da liberdade nas relações de trabalho. Hoje, as empresas mais lucrativas sabem que, além da liberdade é necessário alimentar a curiosidade, a imaginação, o intelecto, a cultura e o networking de seus funcionários. Elas sabem que meia hora jogando sinuca, ou vinte minutos em um pufe, são na verdade valiosos momentos onde estamos malhando na academia mais valiosa que existe: a academia cerebral.

Hoje, as empresas mais lucrativas sabem que, além da liberdade é necessário alimentar a curiosidade, a imaginação, o intelecto, a cultura e o networking de seus funcionários.

As empresas que saíram da era do ferro e mergulharam de vez na era do silício sabem disso: Google, Apple, Microsoft, Zappos, NVidia e companhia limitada sabem que o ambiente de trabalho – que é o local onde as pessoas passam a maior parte do dia – precisa ser aconchegante e inspirador, e que a liberdade, é a única arma que devemos dar aos nossos funcionários.

Porque não podem, os funcionários, no meio do dia pararem o trabalho, por dez, quinze, vinte minutos ou uma hora pra discutirem sobre futebol, natação, sinuca, ler um livro, relaxar, ouvir música, ou simplesmente meditar, ou comemorar um aniversário, ou assistirem a um programa na TV, ou irem a um curso? Porque vão ficar improdutivos? Porque não podemos trabalhar em casa? Produção não é trabalhar oito ou seis horas por dia sem piscar, apenas sendo alimentado, mas sim RENDER muito mais do que o investimento que a empresa está fazendo. Será que é difícil de entender que a rotina emburrece, empobrece e mata?!?! Ou você acha que parte das pessoas que têm câncer por aí sempre adoraram a sua rotina?

Eu tenho uma amiga que disse que não faz nada nem aceita nenhuma coisa que não lhe faça bem: atitudes, pessoas, empregos, patrões, trabalho; nem faz nada que não queira apenas pra agradar os outros, porque a mãe dela fez isso a vida inteira e morreu jovem de câncer, por agüentar tudo calada.

No final das contas, ela está certa. Afinal, se morrermos, as empresas vão trocar as máquinas humanas por uma mais nova e que demore mais tempo pra travar e dar problemas de manutenção. Mas, nós, vamos nos perdendo aos poucos: perdendo a imaginação, a criatividade, o espírito empreendedor, a jovialidade, a empolgação e o pior… vamos nos perdendo, e no final, não nos encontramos mais.
Já dizia o antigo poeta: “Eu prefiro ser, essa metamorfose ambulante, do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo”. Depois disso só me resta dizer: VIVA O IMPREVISÍVEL.

Acorda!! Tá na hora de mudar o mundo…